O sol derretia lentamente a sua cor dourada naquele entardecer. A noite foi chegando, como convidada sempre esperada, acompanhada pelas últimas pinceladas de azul. As estrelas começaram a formar o seu mapa brilhante, de sonhos atirados ao ar e por cumprir.
Nesta noite meditava nos silêncios. Haviam silêncios de todas as cores, que entravam pela pele e chegavam à alma. Alguns eram azuis, chegavam perfumados e cristalinos. Eram silêncios de bem estar e harmonia, daqueles que dispensam as palavras vãs. A esses guardava-os numa caixinha bonita, toda enfeitada, cheia de pequenos tesouros. Outros pesavam como chumbo no peito e afogavam o coração. Eram silêncios cinzentos, escuros e agrestes. Cada silêncio tinha uma cor própria.
E num silêncio de cor ainda indefinida, procurava dentro de si a própria luz, fugindo dos reflexos enganadores da lua caprichosa, sempre inconstante e insatisfeita.
Reflectia em como a vida podia ser fértil e bela, se se criassem as condições para tal e em como o silêncio próprio do conformismo nunca tinha pautado os seus dias. Nunca se tinha habituado a viver numa mesmice confortável e conveniente. Preferia a intensidade, a energia era demasiada para ficar presa em silêncios de cores enevoadas...
E neste bosque de sonhos e devaneios, mergulharam os últimos murmúrios da consciência. Todas as sensações foram anestesiadas pela serenidade daquela noite de Verão, onde até os silêncios dormiam.
Tu tens uma forma serena de escrever, que gosto muito e um gosto requintado.
ResponderEliminarBeijo!
Uma imagem forte!
ResponderEliminarSobre o texto... Lindo, como já vem sendo habitual. Adorei a ideias dos silêncios às cores porque eles têm mesmo cores e eu gosto dos azuis leves e reconfortantes, dos amarelos da suavidade, dos verdes no voo dos sonhos... Temo os cinzentos que nos ferem como facas!
Um beijo
Bom Domingo!
Estou de acordo, só não me tinha lembrado de atribuir cores aos silêncios. Agora que o fizeste acho perfeito. Belo este texto e uma imagem muito bem seleccionada.
ResponderEliminarBeijo
FC
Pois os meus silêncios também são às cores!
ResponderEliminarManuela
O dia que eu conseguir colorir meu silencio sem o fazer gritar, melhoro como pessoa... rs
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