quinta-feira, 10 de junho de 2010

No império dos sentidos

Voo nas asas de um pássaro para pousar de novo em ti. Já nem sei o porquê, porém atrais-me como a flor atrai a borboleta!
Devassas-me corpo e alma, num império de sentidos, derrubando uma a uma todas as defesas construídas com cuidado.
Olhas-me com cobiça. Inquietas-me!
Lambes-me a pele quente, como um gato lambe um prato de leite, com gula e propriedade. E trememos em noites vadias, ouvindo baladas loucas, enquanto dançamos à lua.
Invade-nos um cheiro doce que nos vai consumindo, enquanto o sol se deita sobre o mar.
Fica-nos o gosto de frutos de verão na boca, o cheiro de flores silvestres no cabelo e o segredo das marés no corpo, num vai e vem incansável que nos deixa marcas de salitre na pele.
Enfeitaste-me com palavras e embalaste-me com dois braços cheios de ternura.
Mas hoje, no canto do meu sorriso, trago uma saudade longa e nos olhos um mar de acusações mudas, de promessas e desejos por cumprir. Guardo o azul da nossa história, mas vou desdobrando dias e noites com as mãos vazias de ti, quando queria as tuas pousadas no meu ventre toda a noite.
Deixas em mim um buraco do tamanho que precisas para partir, numa doce vaga que me leva o sonho. Não há abraço que te guarde, por maior que seja.
Fico a guardar o cheiro do mar e o sabor do vento, porque há gritos que não consigo conter.
Tudo na vida é recomeço e o mundo voltará a dar sinal. As ondas vão e voltam...
Deixo-te os beijos do mar que adoro e o abraço de uma estrela algures perdida no céu...