quarta-feira, 7 de abril de 2010

Filhos de um Deus Menor

Menino de face morena e macia, roubam-te do olhar os sonhos de criança. Trocam-te os contos de fadas, por tristes histórias dos mártires de Alá.

Os teus braços não abraçam peluches, seguram armas e armadilhas, bombas e explosivos. O perigo é o teu brinquedo!

Essa cara de menino será o rosto assustador desta era sombria, por detrás de um véu de horror indizível.

Serás a nova geração do homem-bomba, porque te prometem o paraíso em troca da tua vida de criança. Quem assim te sacrifica, é filho de um radicalismo insano! Fanáticos que usam a religião para manter um estado de terror. E desta fúria sem rédeas nascem sementes de vingança, acende-se o rastilho de um ódio feito de dor.

E tu, ainda menino, serás desfeito numa qualquer rua suja e deserta. Sei que entre lágrimas de tristeza, te vou ver despedaçado nos jornais vespertinos, logo que a manhã chegar. Entre imagens de pânico e desepero, entre vítimas e sobreviventes, ninguém se lembrará que tiveste uma alma feita de luz, que partiste cedo demais, porque um anjo de asa negra te veio buscar.

Perdeste o futuro e ninguém pensou em te embalar. Em vez de colo tiveste buracos de areia, num treino bizarro para te tornares um "guerreiro de Deus".

Cada gota do teu sangue vai regar uma vez mais a terra do ódio.

Eu, recordarei um espírito de criança que outrora sonhou e alguém enganou com falsas promessas. E choro-te, por teres nascido Filho de um Deus Menor!