sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A brisa

Sempre fui do género 2 em 1. Essa filosofia podia ter sido inventada para mim. Sou assim desde que me conheço como gente, uma luta constante entre o racional e o emocional. Luta muito desigual, diga-se em abono da verdade, pois o emocional, sempre foi e será o meu lado mais forte! Talvez por isso, nunca perdi o hábito de sonhar acordada...e neste hábito me refugio, sempre que a minha alma o pede.
Hoje, mais uma vez sonhei...entre o acordada e o adormecida, bem mais para lá do que para cá...e foi nesse estado de semi-inconsciência que vi aqueles dois pequenitos a correr de mãos dadas na direcção do nevoeiro. Uma brisa repentina ficou mais forte, envolvendo-me e convidando-me a seguir em frente. Continuei a observar aqueles dois que maravilhados afastavam a névoa com os braços, em gestos harmoniosos e risos cristalinos. Espantei-me quando repentinamente aquela floresta se tornou visível aos meus olhos. Entrei, pairando entre o receio e o fascínio que aquelas duas crianças exerciam sobre mim.
De novo aquela brisa perfumada, que me acalmava os nervos irritados, fazendo-me sentir maravilhosamente refrescada e até entusiasmada.
Segui um trilho ladeado por umas árvores de copas altas, de um tom intensamente verde, até chegar a uma clareira. Vi-os de imediato, com aquele par de cabeçitas coroadas de caracóis escuros e brilhantes encostados um ao outro e aproximei-me até poder observá-los.
Foi um choque reconhecer neles os meus e os teus olhos! Aqueles não eram olhos de criança! Olhavam-se com com uma expressão amadurecida, como se já tivessem vivido muitas vidas até aquele reencontro em corpo de criança.
As palavras trocadas eram escassas, mas cheias de riso e de ternura. Não eram duas crianças comuns, estavam repletas de uma luz interior, nascida da compreensão, afinidade e gratidão por se terem um ao outro.
A menina olhou-me então e emocionada fitei os meus próprios olhos naquela criança. Ambos me deram as mãos e me disseram "nunca esqueças o sabor do nosso abraço, pois quando a tua existência acabar, falarás sobre nós com as estrelas!"...
Senti agora a brisa transportar-me de regresso e acordei de novo consciente, no meu sofá, mas ausente de mim, como uma turista, observando os ecos da minha história.
Agradeço ao sonho esta liberdade e sinto-me numa fronteira, vestida de incertezas e cegueira consentida.
Quero adormecer de novo, para ver nascer o que o sonho produz e nesse sonho irei achar o meu Norte.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aguarela

Os dias correm e ela pinta na cara risos e sorrisos, que despistam o que lhe pesa no fundo dos olhos. Reveste-se de cores, que contrastam com as que lhe vão no interior. Aguarda fechada noutra dimensão, onde as paisagens são desfocadas e pintadas a sépia. Vai lutando contra o que não sabe definir ou que não consegue enfrentar. Espera, avaliando as suas fraquezas, que se resolvam mistérios cobertos de silêncios que lhe tiram o brilho. Cansa-se de ser forte não o sendo e de não saber resguardar o seu mundo das suas inseguranças. Procura no céu estrelas cadentes para formular desejos simples, de noites mais risonhas e encantadas. É viajante em barca à deriva, esperando aportar numa terra sem armas, porque não possui escudo nem perímetro de segurança.
Deixa-se invadir pelo riso das crianças, que espectadoras e participantes neste palco da vida, a arrastam para as suas brincadeiras e palhaçadas...tenta a todo o custo transmitir-lhes a segurança e a paz que tanto precisam de encontrar no seu mundo infantil e colorido. São elas com os seus risos, que lhe pintam numa aguarela um amor lindo, sem barreiras e sem limites, neste mundo tão limitado.
Disfarça a melancolia, para que possam sentir que o carinho é um alimento que pinta nos olhos um arco-íris, tecido de beijinhos e ternuras de cores doces.

domingo, 6 de setembro de 2009

Um abraço perfeito

Ali estava sonolenta, encostada na sombra de uma doce palmeira, deixando a brisa levar os desejos para o mar. Desejos tão lindos como loucos...
De perna flectida e cabeça pendente, relaxada, com o corpo protegido na rocha, sentia a calidez do sol a dourar-lhe a pele.
Era um entardecer pintado em tons de ouro e azul e ela recordava com ternura, a inquietude do primeiro encontro. Por cada pensamento um sorriso...
Lembrou a brincadeira, o riso, o embaraço, os olhares por cima do cardápio, naquele restaurante à beira-mar plantado. Recordou o desejo contido no sabor dos beijos trocados, o aconchego espesso dos abraços, o suave deslizar das mãos entrelaçadas e o aroma inebriante de dois perfumes perfeitos.
Ali, naquela tarde, pararam num tempo sem tempo, para reinventarem sentimentos perdidos. Pintaram aquele dia com uma cor feliz, viraram as palavras do avesso e lançaram-nas ao sabor fugaz dos ventos.
Quando enfim se afastaram, levavam nos olhos a luz das estrelas e os sons de um mar sereno a ecoar nos ouvidos.
E ela ali estava na praia, mergulhando nas ondas daquelas memórias enfeitadas, imaginando um qualquer final feliz, que incluísse o calor e o perfume daquele abraço perfeito.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Para variar...



Ri-me tanto com este Animal que decidi partilhar convosco...aqui fica para variar um bocadinho.
Fiquem bem.
Beijos para todos :)))